Por Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio
A construção civil desempenha um papel essencial no desenvolvimento econômico e social do estado do Rio de Janeiro. Somos um setor estratégico, que impulsiona a geração de empregos, movimenta a economia local e impacta diretamente na qualidade de vida da população. Esse protagonismo vem sendo ampliado com uma atuação cada vez mais alinhada a princípios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
Nos últimos cinco anos, a construção civil fluminense aumentou em 40% o reaproveitamento de resíduos sólidos, registrou um crescimento de 30% em obras com foco sustentável e ampliou em 60% o número de empresas com certificações ambientais. Esses números não apenas demonstram o compromisso do setor com a agenda verde, como também revelam um movimento de inovação que está mudando a forma de construir.
Falar em crescimento sem falar em sustentabilidade é, hoje, um contrassenso. O Rio tem ado por uma transformação silenciosa, mas de grande impacto, com o avanço das concessões públicas que vêm promovendo melhorias concretas na infraestrutura urbana e ambiental. Projetos como a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, da Baía de Guanabara e o aumento da balneabilidade de praias como Flamengo, Ilha do Governador e Paquetá são exemplos claros de como o investimento em infraestrutura sustentável valoriza o setor imobiliário e melhora a vida da população.
Nesse contexto, políticas públicas bem estruturadas têm um papel crucial. Uma iniciativa exemplar é o ISS Neutro, da Prefeitura do Rio, que permite às empresas abater do imposto o valor investido em ações de compensação de carbono. É um estímulo direto ao engajamento do setor privado na agenda ambiental. Outro destaque são os projetos de retrofit urbano, como o Reviver Centro e o Porto Maravilha, que promovem a revitalização de áreas estratégicas, incentivam a moradia próxima dos polos de trabalho e reduzem a necessidade de deslocamentos longos, diminuindo o impacto sobre o transporte público e o meio ambiente.
Paralelamente a esse cenário, estamos diante de um desafio estratégico que representa também uma grande oportunidade: a expansão da construção civil para o interior do estado. Esse movimento já está em curso e vem sendo impulsionado por medidas importantes, como a implementação do licenciamento integrado e digital — modelo adotado com sucesso na capital e agora presente em 16 municípios. Esse sistema facilita o o a informações sobre licenciamento ambiental e emissão de autorizações, promovendo mais transparência, eficiência e segurança para os empreendimentos.
A digitalização dos processos no Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro é outro avanço que merece destaque. Ao integrar e agilizar a liberação de projetos, ela contribui para a desburocratização e para o fortalecimento da cultura de legalidade e segurança no setor. Todo esse processo unificado em uma plataforma digital simplifica a vida do cidadão e das empresas, ao mesmo tempo em que promove um modelo de crescimento mais sustentável e inteligente.
Cidades como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Maricá, Niterói, Petrópolis, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda e São Gonçalo já se destacam como polos promissores para a indústria da construção civil, com forte potencial para atrair investimentos e gerar empregos de qualidade. Além dessas, municípios como Miguel Pereira e Areal começam a despontar como novas fronteiras de desenvolvimento, com cenários favoráveis à inovação, à sustentabilidade e à geração de renda local.
O Rio de Janeiro tem vocação para liderar uma construção civil moderna, eficiente e ambientalmente responsável. Os caminhos estão sendo traçados com diálogo, planejamento e inovação com engajamento dos poderes executivo, legislativo, estadual e municipal. Cabe a todos nós continuar avançando com compromisso, visão de longo prazo e a certeza de que desenvolvimento e sustentabilidade não apenas podem, como devem caminhar juntos.